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Reeducação Postural Global e a Respiração




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  •    A Fisioterapia Respiratória teve importante evolução nas últimas décadas, com surgimento de novas técnicas e diferentes abordagens para o tratamento das patologias que afetam o sistema respiratório. Indivíduos com asma brônquica, síndrome do respirador bucal, rinite alérgica, pneumonias, DPOC, tosse crônica e muitos outros problemas respiratórios, são tratados com o objetivo de reduzir crises, prevenir complicações, deformidades e evitar novos episódios agudos.

    BIOMECÂNICA DA RESPIRAÇÃO


       Respirar é uma função automática e imprescindível para a vida. No entanto, necessita ser aprimorada para que não apenas cumpra sua função fisiológica mas também proporcione condições ideais para o bem estar de cada indivíduo. Esta premissa torna-se mais verdadeira nos portadores de patologias respiratórias, em virtude da necessidade resultante de superar as alterações decorrentes da própria doença.

       O diafragma é o principal músculo da respiração. Uma inspiração correta se faz às custas do relaxamento da musculatura torácica superior e da contração diafragmática, que promove uma leve projeção do abdome para frente, facilitando a expansão pulmonar. A expiração, ao contrário, caracteriza-se pelo relaxamento diafragmático e por uma leve contração abdominal, ao mesmo tempo em que os pulmões retornam à posição inicial.


    Biomecânica Respiratória alterada

       A biomecânica respiratória funciona de forma precária nos pacientes com afecções respiratórias, em função das características peculiares às próprias patologias: hipersecreção brônquica, diminuição da elasticidade pulmonar, alteração na complacência, etc.
       A moderna visão fisioterápica, baseada nas teorias de reeducação postural global (RPG), divide o corpo humano em diversos grupos de cadeias musculares, sendo as principais:

    • Cadeia inspiratória
    • Cadeia mestra anterior
    • Cadeia mestra posterior

       A cadeia inspiratória encontra-se bloqueada e encurtada nos asmáticos, resultando numa diminuição do movimento da caixa torácica inferior e numa inversão da função diafragmática. Com o passar do tempo, a manutenção continuada dessas alterações resulta num desequilíbrio muscular progressivamente mais intenso, culminando no surgimento de deformidades torácicas e alterações das curvaturas fisiológicas da coluna vertebral.

       Ressalta-se que a cadeia inspiratória se encontra inserida em outras cadeias, o que resulta no encurtamento das cadeias mestras anterior e posterior, entre outras.

       A musculatura acessória é recrutada tornando a respiração mais apical, já que se encontra principalmente em tórax superior.

       O tórax inferior diminui sua amplitude com uma respiração curta e ineficiente que favorece o acúmulo de secreção, a formação de áreas hipoventiladas, podendo chegar a atelectasia, alterando a relação ventilação/perfusão. A respiração se torna menos eficiente e com um maior gasto energético. Os esforços do diafragma contra a resistência oferecida pelo aumento da pressão pulmonar, puxam o esterno as costelas baixas para dentro, ocasionando a depressão do terço médio e inferior do tórax e a elevação do terço superior do tórax causando o peito de pombo.

       Caso estas retrações/desequilíbrio ocorram em crianças, o crescimento ósseo sofre restrição pelo grande encurtamento muscular, o que pode diminuir o crescimento e aumentar as alterações posturais.


    SÍNDROME DO RESPIRADOR BUCAL


       Para um trabalho respiratório eficiente, é fundamental a participação harmoniosa de todo aparelho respiratório. O nariz é uma estrutura complexa, com múltiplas funções, dentre as quais filtrar, umedecer e aquecer o ar respirado. Só a respiração nasal é capaz de produzir a participação harmoniosa de todo o aparelho respiratório funcional, que é fundamental, garantindo assim adequadamente o ritmo respiratório e sua amplitude.

       O paciente respirador bucal necessita de uma abordagem multidisciplinar, que inclui desde o médico de cuidado primário como o pediatra passando por especialistas como alergistas, otorrinos, pneumologistas, dentistas, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, além de diversos outros profissionais como: enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos e equipe escolar, com ênfase no professor de educação física.

       A respiração nasal é fisiologicamente mais eficiente, mais lenta e mais profunda. A respiração bucal é mais superficial, mais alta, produz uma diminuição de oxigenação pulmonar e consequentemente a instalação de um ciclo respiratório inadequado.


    Principais Alterações verficadas no Respirador Bucal


    • Mecânica ventilatória: respiração torácica superior e diminuição da mobilidade diafragmática.
    • Alterações posturais: aumento da lordose cervical e hipercifose dorsal, escápulas aladas, abdome protuso e projeção anterior dos ombros.
    • Alterações craniofaciais: compressão maxilar, alteração no posicionamento da língua e da mandíbula, má oclusão e alteração da biomecânica da articulação temporo mandibular.
    • Angústia respiratória que se reflete numa diminuição de qualidade de vida. Pode apresentar apnéia obstrutiva do sono.


    REEDUCAÇÃO RESPIRATÓRIA E POSTURAL GLOBAL


       O tratamento moderno fisioterápico utiliza técnicas de correção postural visando reeducar a respiração e o corpo, promovendo uma verdadeira reestruturação postural global.

       Este trabalho é realizado através de posturas estáticas de alongamento e relaxamento muscular de todo o corpo com objetivo de "esticar o fio" das retrações musculares do paciente. No decorrer do tratamento, ensina-se o paciente a conhecer sua respiração e a posicionar seu corpo corretamente.

       Recomenda-se a utilização concomitante de técnicas manuais especificas para relaxamento muscular, já que verifica-se nos asmáticos, em especial nos idosos, uma grande contratilidade muscular. Além disso, o contato manual e pessoal contribui da forma sensível na relação direta com o paciente e nos aspectos psicológicos envolvidos.


    Objetivos Gerais da Fisioterapia:


    • Melhora a qualidade de vida;
    • Reequilíbrio do sistema músculo esquelético;
    • Prevenção de crises e melhora do controle respiratório na vigência de episódios agudos;
    • Prevenção de deformidades do tórax e de alterações da coluna vertebral;
    • Aumento da capacidade ventilatória;
    • Reeducação e conscientização respiratória diafragmática e postural global;


    AVALIAÇÃO FISIOTERÁPICA


    Anamnese - completa e criteriosa do paciente.

    • Exame físico
    • Sinais vitais
    • Inspeção
    • Palpação (FTV, auscultura)
    • Dinâmica de tórax / cirtometria / padrão respiratório

       Provas de Função Pulmonar ou Espirometria: tem objetivo de detectar disfunções pulmonares destrutivas de forma precoce; detectar ou confirmar disfunções pulmonares restritivas: diferenciar uma doença obstrutiva funcional de uma restritiva e ainda como avaliação de risco cirúrgico.

       Os equipamentos computadorizados oferecem a vantagem da rapidez no fornecimento final dos dados, pois já dispõem da integração dos valores previstos da normalidade.


    Cinesioterapia Respiratória

       Constituem técnicas manuais e exercícios terapêuticos orientados com objetivo de otimizar a capacidade ventilatória com um menor gasto energético.

    Objetivos da cinesioterapia:

    • Relaxar musculatura torácica superior
    • Reeducar diafragma
    • Adequar musculatura expiratória
    • Promover limpeza brônquica

    Técnicas cinesioterápicas:


       Percussões pulmonares: engloba manobras realizadas com as mãos (tapotagem) de forma ritmada e/ou compassada com objetivo de descolar a secreção pulmonar viscosa, permitindo seu deslocamento pela árvore brônquica, facilitando sua eliminação.

       Vibração Manual: consiste em movimento rítmicos rápidos e com intensidade suficiente para causar a vibração em nível bronquial.

       Tosse Assistida: corresponde a uma pressão rápida das mãos do terapeuta no tórax do paciente.

       Massagem Perinasal: consiste em movimentos massageadores circulares, realizados com os dedos polegares e/ou indicadores nas regiões perinasais. Após uma higienização da cavidade nasal, através da colocação de soro fisiológico nas narinas, a massagem deve ser aplicada com pressão suficiente para estimular o descolamento de secreções retidas nos seios paranasais. Esse procedimento favorecerá o aumento da luz para a passagem do ar, promovendo indiretamente a melhora da ventilação pulmonar.

       Pressão Expiratória / Compressão Torácica: consiste em deprimir passivamente o gradil costal do paciente, auxiliando o que ele consegue realizar ativamente, durante uma expiração normal ou forçado.

       Estimulação Diafragmática: é um trabalho muscular diafragmático de contração seguido da contração voluntária máxima, com o objetivo de reeducar ou melhorar a respiração diafragmática no paciente, aumentando o diâmetro longitudinal, acarretando melhor ventilação pulmonar.

       Estimulação Costal: consiste em acompanhar, com as mãos o gradil costal na fase expiatória, bloqueando na fase inspiratória, fazendo um reflexo de estiramento, permitindo assim a expansão máxima possível do gradil costal, aumentando os diâmetros ântero-posterior e latero-lateral do tórax.

       Drenagem Postural: consiste no posicionamento do paciente para facilitar a drenagem de secreções. A posição e a área a ser desobstruída pode ser determinada pela ausculta ou através de radiografia.




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